Uma verdadeira orquestra, entretanto tudo inserido num panorama que une o Folk, a Eletrônica e o Dream-Pop.
Emma Gatrill é uma multi-instrumentista de Brighton (UK). A inglesa é uma excelente harpista, porém também mostra suas habilidades na clarineta, saxofone e piano. Apesar de pouco tempo em atividade, a artista garantiu um amadurecimento notável, seja por sua performance eclética de dominar vários instrumentos, seja por colaborar em outras composições de grandes nomes da música como Lucy Rose e Nick Cave.
Possui dois discos na bagagem. No début “Chapter I” (2012), ela criou um repertório de canções conduzidas por harpas com a colaboração de integrantes do Willkommen Collective, um grupo de artistas ingleses criado em Brighton que tem a paixão pela música como algo em comum.
Entretanto, no segundo disco, “Cocoon” (2017), a cantora começou a pensar numa sonoridade que não só explorava o som da harpa, e sim, buscava reunir arranjos com mais camadas e texturas, preenchidos por variados instrumentos adicionais que tentam abraçar gêneros distintos. Esse disco, inclusive, lhe rendeu algumas comparações a outros renomados artistas como Sufjan Stevens e Julia Holter.
Para o terceiro disco lançado agora no início de 2024, ela retorna com as mesmas ideias. Porém, tentando fortalecer ainda mais sua música. Contando com a colaboração do amigo Conor O'Brien da banda irlandesa de Folk Villagers, inclusive na programação da bateria eletrônica e no vibrafone, Emma traz um universo de canções com arranjos elaborados estruturados por um amplo instrumental: flauta, violino, harpa, clarineta, sintetizador vintage, piano.
Uma verdadeira orquestra, entretanto tudo inserido num panorama que une o Folk, a Eletrônica e o Dream-Pop, caso da faixa ‘Juna’. Claro que as composições da inglesa não serão assimiláveis de primeira audição, normal para todo e qualquer artista que almeja um padrão mais enigmático, intrincado e diferenciado em seu trabalho.
A abertura com ‘Seed’ convence ao revelar uma composição que comporta violinos e sopros que surgem inesperadamente em meio a uma batida eletrônica sutil, mas que convence. ‘Out Of The Dark’, por sua vez, chega mais densa, com batidas acentuadas e um ritmo menos letárgico. ‘Moonmilk’ surge com uma batida requebrada e sopros festivos, entregando uma sonoridade de ritmo bem dançante, alegre e suingado.
Em ‘Cloudburst’, uma das melhores do álbum, Gatrill explora o equilíbrio na música. Sua intenção maior aqui é nos confundir. De início lento e introspectivo, a música cresce gradativamente chegando ao ponto de praticamente querer explodir, dada a intensidade que o instrumental atinge.
Emma Gatrill é aquela artista que abraça seu talento, deixando sua maturidade ganhar campo, destilando suas múltiplas habilidades musicais. Tudo em prol de uma música não tão fácil de absorver, mas que agrada conforme vamos compreendendo tudo sabia e prazerosamente.
Come Swim
Emma Gatrill
Ano: 2024
Gênero: Indie Pop, Folk, Dream- Pop
Ouça: "Adonis Blue", "Cloudburst", ‘Seed’
Humor: Confiante, Melódico
Pra quem curte: Sufjan Stevens, Julia Holter
NOTA DO CRÍTICO: 8,0
Veja o vídeo oficial de ‘Adonis Blue’:
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