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Clássico “Nosferatu” será relançado nos cinemas ao som de “Kid A” do Radiohead

Iniciativa Silents Synced une filmes mudos icônicos a discos que moldaram gerações — e estreia com vampiros e glitches em perfeita sintonia

Clássico “Nosferatu” será relançado nos cinemas ao som de “Kid A” do Radiohead
CRÉDITO: Scott Dudelson e FilmPublicityArchive/Getty Images

Imagine o rosto do conde Orlok recortado na penumbra, olhos famintos, dedos finos como agulhas. Agora, imagine essa imagem ancestral sendo banhada pelas texturas assombradas de Kid A, o álbum que o Radiohead lançou em 2000 para descarnar o século XXI antes que ele começasse de fato. Essa colisão entre tempos e tensões vai acontecer nos cinemas do Reino Unido ainda este ano, quando a versão original de 1922 de Nosferatu ganhar uma nova vida — e trilha.



O projeto faz parte da série Silents Synced, uma proposta ousada e sensorial que coloca filmes mudos lendários lado a lado com álbuns que mudaram o curso da música. Quem inaugura a ideia é ninguém menos que F. W. Murnau, pai do expressionismo alemão, e o Radiohead, que nos fez dançar com a ansiedade e a desintegração.


Prevista para estrear no outono europeu, a sessão de Nosferatu com Kid A (e também com Amnesiac, sua continuação espiritual de 2001) marca o 25º aniversário do álbum e será exibida em cinemas independentes por todo o Reino Unido. O resultado promete ser uma imersão audiovisual inédita, onde o grito silenciado do cinema encontra o glitch emocional da música.



Em 2026, o segundo encontro da série trará a genialidade cômica de Buster Keaton em Sherlock Jr. (1924) em sincronia com dois álbuns cruciais do R.E.M.: o cru e distorcido Monster (1994) e o contemplativo New Adventures in Hi-Fi (1996). Cada combinação foi escolhida por ressonância estética, colapso temático e espírito afim, com contribuições visuais de artistas como André Ouellette e Myles Mangino (designer de luz do Pixies).


A mente por trás dessa travessia temporal é o cineasta e curador Josh Frank, fundador do cinema drive-in urbano Blue Starlite, no Texas. Já colaborador de nomes como Black Francis, David Lynch, Harold Ramis e até o espólio dos Marx Brothers, ele lançou a pergunta que movimenta todo esse projeto:


“A questão para os cinemas independentes do mundo todo é: o que podemos fazer para não continuarmos dependentes apenas dos novos lançamentos de Hollywood para obter produtos e experiências que as pessoas podem — cada vez mais — esperar para receber em casa?”


Pôster de "Radiohead X Nosferatu: Uma Sinfonia de Horror".
Pôster de "Radiohead X Nosferatu: Uma Sinfonia de Horror".

Silents Synced é a resposta: não se trata apenas de revisitar o passado, mas de ressintonizar as emoções com outras ferramentas, outras frequências. É o que acontece quando o silêncio precisa de um novo som — e o som encontra um novo corpo para habitar.

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