A abordagem de Hugo Prata na série é mais voltada para um tom lúdico, diferenciando-se claramente do filme "Dois filhos de Francisco", dirigido por Breno Silveira.
Apesar das informações disponíveis, a trajetória de Chitãozinho e Xororó ainda não havia sido totalmente explorada na televisão, com todos os seus aspectos. No entanto, essa espera chegou ao fim. A partir desta sexta-feira (18), os três primeiros capítulos, dos oito totais, de "As aventuras de José & Durval" estarão disponíveis no Globoplay, trazendo a história à luz de maneira completa.
Realmente, é crucial compreender uma das mais marcantes revoluções na música popular brasileira do século passado, e isso não pode ser alcançado sem dar um ouvido atento às vozes e narrativas dos irmãos José Lima Sobrinho, com 69 anos, e Durval de Lima, quatro anos mais novo.
Há cinco décadas e dois anos atrás, Chitãozinho e Xororó receberam seus batismos musicais. Eles desbravaram o terreno da música sertaneja pioneiramente, criando uma fusão de arranjos inspirados na sonoridade rural, mas também influenciados pela Jovem Guarda, pelos Beatles e por Nelson Gonçalves. Tudo isso acontecia enquanto o Brasil passava por uma rápida urbanização.
A abordagem de Hugo Prata na série é mais voltada para um tom lúdico, diferenciando-se claramente do filme "Dois filhos de Francisco", dirigido por Breno Silveira. Este último trata da trajetória de Zezé di Camargo e Luciano, que são herdeiros diretos da mesma amizade.
"Quando refletimos sobre o rumo que o gênero sertanejo tomou, sentimos um genuíno orgulho. A nossa música era tratada com tanto desdém que parecia que não tínhamos sequer a permissão para alimentar sonhos" — compartilha Xororó, durante uma entrevista por videochamada realizada a partir de Campinas, para o portal O Globo, onde estavam ocupados gravando a sua primeira música inédita em dois anos. A canção intitulada "Chuva", uma homenagem aos agricultores, será disponibilizada amanhã no YouTube e nas plataformas de streaming.
A série narra a jornada desde a infância de José e Durval, interpretados inicialmente por Pedro Tirolli e Pedro Lucas, e posteriormente pelos irmãos Felipe e Rodrigo Simas, no interior do Paraná, até a ascensão comercial que ocorreu nos anos 1990. O enredo abrange desde a escassez de recursos e alimentos até o desafio corajoso e bem-sucedido de abraçar um certo senso estético, que celebra não somente "Romaria" com Elis, mas nem sempre "Saudade da minha terra" com a dupla. A série também explora os desafios decorrentes da doença mental da mãe, retratada de forma impactante por Andréia Horta, assim como as imperfeições de um pai dedicado, magistralmente interpretado por Marco Ricca. Além disso, aborda os primeiros amores, os casamentos e o crescimento da família.
Perguntado se eles já haviam conferido a série, Chitãozinho disse: "Sim, maratonamos. Teve muito choro, bateu forte no coração. Ver assim o que a gente viveu tem duas magias, a da dramatização e a de se voltar no tempo, a memória". Chororó complementou: "Da convivência com a família na infância. Não tínhamos em mente que poderíamos ser artistas e que aquelas vidas seriam transformadas pela força da música." (Via O Globo).
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