O novo e tão aguardado álbum da banda, intitulado 'The Ballad of Darren', será lançado dia 21 de julho.
Seria 2023 um novo capitulo para o britpop? Com a volta do Pulp, um novo álbum do Blur no horizonte, especulações de um possível retorno do Oasis e um governo conservador em crise, tudo soa um tanto familiar e sedutor no cenário da cultura pop.
E sem falar no nostálgico The Rise and Fall of Britpop, um novo podcast da BBC Radio 6 Music e BBC Sounds, apresentado por Steve Lamacq e Jo Whiley, para relembrar como a cena surgiu, floresceu e, eventualmente, desmoronou de maneira espetacular. Com entrevistas inéditas, material de arquivo e muito mais, a dupla analisa a sociedade britânica durante o aprendizado da música e como jovens talentosos expandiram a cultura britânica para o mundo.
No fim de semana passado (8 de julho), o Blur se reuniu para realizar dois shows no Estádio de Wembley e está prestes a lançar seu nono álbum, intitulado 'The Ballad of Darren', na próxima semana (21 de julho). É um momento oportuno para revisitar e classificar todos os seus álbuns de estúdio.
Leisure (1991)
Em 'Leisure' de 1991, parece que o Blur está aberto para absorver todas as características e tendências ao seu redor, em vez de definir seu próprio estilo. "There's No Other Way" é a melhor canção que os Stone Roses nunca lançaram, com a batida da bateria em loop praticamente retirada de "Fool's Gold" da banda de Manchester.
Em outras faixas, como "She's So High" - por mais bonita que seja - emula agridocemente a sonoridade de Cocteau Twins e MBV, mas na faixa seguinte, intitulada 'Slow Down', o Blur se tornar mais expansivo. "Graças a Deus que [o lançamento do álbum] ocorreu em um momento em que você poderia lançar um álbum que não estava exatamente certo e não seria descartado imediatamente", disse Albarn anos depois.
'Think Tank' (2003)
Quase uma década depois, parecia que a banda estava chegando ao fim... ou assim pensávamos. Esse seria o último álbum lançado do Blur até 'The Magic Whip', em 2015, e foi uma coleção íntima, embora um pouco abaixo das expectativas. "Out of Time" desperta aquela doce e envolvente nostalgia e uma arquitetura característica no som da banda. "Jets" se comporta expansiva com um ótimo instrumental que cria uma paisagem climática envolvente e misteriosa.
The Magic Whip (2015)
Após um longo hiato, quando era improvável um novo disco do Blur, a banda nos agraciou com 'The Magic Whip', um disco de melodias cativantes e uma sonoridade única e letras introspectivas, uma mistura satisfatória de canções animadas e enérgicas como "Lonesome Street" e "Go Out", com faixas mais densas e reflexivas como "Ghost Ship".
Na época, Damon Albarn descreveu o disco como uma singela "carta de amor a Hong Kong", e de fato podemos comprovar uma certa influência da cidade nas batidas eletrônicas e nos arranjos experimentais. Muitas das letras nesse disco refletem sobre a atmosfera urbana e a solidão que muito está presente nas grandes cidades.
The Great Escape (1995)
'The Great Escape' apresenta uma variedade de temas, desde a crítica social até as experiências pessoais dos membros da banda. A faixa de abertura, "Stereotypes", é um hino ao descontentamento com a sociedade moderna, enquanto "Country House" soa como uma sátira à cultura da celebridade e ao estilo de vida da classe alta.
Um disco que destacou a habilidade do Blur em criar melodias cativantes e letras inteligentes. Faixas como "Charmless Man" e "The Universal" são exemplos perfeitos disso, com letras que abordam questões universais de identidade e pertencimento. Além disso, o disco também apresenta momentos mais introspectivos e densos, como em "Yuko and Hiro", uma balada melancólica sobre um casal fictício que busca escapar da realidade através do poder mágico da música.
Com sua mistura única de letras perspicazes, melodias cativantes e uma produção impecável, 'The Great Escape' solidificou o Blur como uma das bandas mais influentes da década de 1990. É um álbum que continua a ser apreciado e celebrado até hoje, mostrando a atemporalidade e a relevância da música do grupo liderado por Damon Albarn.
Blur (1997)
Quinto álbum da banda britânica, considerado um dos trabalhos mais importantes do Blur, o trabalho marcou uma mudança significativa na sonoridade do grupo. Antes de 'Blur', a banda era conhecida por seu som mais voltado para o britpop, com influências do rock alternativo e do indie rock. No entanto, neste disco, Damon Albarn e cia decidiram navegar e explorar novas ambientações e estilos, acrescentando um glamour para estética do álbum.
Uma das faixas mais conhecidas do disco é "Song 2", que se tornou um grande sucesso mundial. Com seu riff de guitarra marcante e seu refrão enérgico, a música se destacou pela sua energia e atitude. Outras faixas notáveis do álbum incluem "Beetlebum", uma canção mais melancólica e introspectiva, e "M.O.R.", que apresenta uma sonoridade mais eletrônica e dançante.
Modern Life Is Rubbish (1993)
Clássico instantâneo. O título desse disco já nós dá uma pista sobre o contexto geral das canções presentes nessa obra intemporal, uma crítica refinada sobre a vida moderna. O Blur retrata de forma contundente a insatisfação e o desencanto com a sociedade contemporânea. As letras abordam temas como a alienação, a falta de conexão humana, a superficialidade das relações e a perda de identidade em meio ao avanço tecnológico e à cultura de consumo desenfreado. Como não se identificar com 'Modern Life Is Rubbish' em nossos dias atuais?
A faixa de abertura, "For Tomorrow", já nos apresenta a visão pessimista da banda sobre o futuro, com versos como "He's a twentieth century boy / With his hands on the rails / Trying not to be sick again / And holding on for tomorrow". A canção é um retrato da juventude britânica da época, desiludida e sem perspectivas. Outro destaque do álbum é a faixa "Chemical World", que critica a sociedade viciada em drogas e em busca constante de prazeres efêmeros. A letra traz uma reflexão sobre a falta de sentido e a futilidade dessa busca incessante por sensações artificiais.
Em "Advert", a banda aborda a influência da mídia e da publicidade na formação da identidade e na busca pela felicidade. 'Modern Life is Rubbish' é um álbum que captura a essência do descontentamento e da desilusão de uma geração. Com sua sonoridade oriunda do britpop, o Blur conseguiu transmitir de forma brilhante a crítica à vida moderna e suas consequências negativas. Um álbum atemporal que continua relevante até os dias de hoje.
'Parklife' (1994)
'Parklife' foi um grande sucesso comercial e de crítica, alcançando o topo das paradas britânicas e recebendo elogios por sua originalidade e qualidade. O álbum consolidou o Blur como uma das principais bandas da cena britânica e influenciou uma geração de músicos. Um disco que captura perfeitamente a essência do britpop, gênero que dominou a cena musical do Reino Unido na época.
Composto por 16 faixas, 'Parklife' apresenta uma mistura de estilos musicais, que vão desde o rock alternativo até o pop, passando pelo punk e pelo indie. O álbum é marcado por letras inteligentes e irônicas, que retratam a vida cotidiana na Inglaterra, com suas referências à cultura popular, ao futebol e à classe trabalhadora.
A faixa-título, "Parklife", é um dos maiores sucessos do Blur e se tornou um hino do britpop. Com seu ritmo animado e refrão cativante, a música retrata a vida nos parques urbanos, onde as pessoas se encontram, se divertem e escapam da rotina. Outros destaques do álbum incluem "Girls & Boys", uma crítica à cultura do hedonismo e da promiscuidade, e "End of a Century", uma reflexão sobre o passar do tempo e a efemeridade da vida.
Até hoje, 'Parklife' é considerado um clássico do britpop e um dos melhores álbuns da história da música britânica. Sua energia contagiante, letras inteligentes e melodias cativantes fazem dele uma obra atemporal, que continua a encantar e inspirar fãs de todas as idades.
13 (1999)
'13' é uma obra-prima que marcou a discografia da banda. Lançado em 1999, o álbum apresenta uma sonoridade experimental e introspectiva, mostrando um certo amadurecimento e evolução musical notável. Com 13 faixas, o disco traz uma mistura de estilos, que vão desde o britpop característico da banda até elementos de eletrônica e rock alternativo. As letras abordam temas como amor, solidão e reflexões sobre a vida, trazendo uma profundidade emocional única e contagiante.
Destacam-se faixas como "Tender", uma balada emocionante com um coro poderoso, e "Coffee & TV", uma canção mais animada e cativante. Ambas mostram a habilidade do Blur em criar melodias envolventes e letras que tocam o coração. Além disso, o disco conta com colaborações de artistas renomados, como Graham Coxon, que contribui com sua guitarra marcante, e William Orbit, produtor que trouxe uma nova dimensão sonora ao álbum.
'13' é um trabalho que mostra a maturidade e a versatilidade do Blur como banda, explorando novos caminhos musicais e entregando um disco que se destaca em sua discografia. É uma obra que merece ser apreciada e revisitada, pois continua relevante e emocionante mesmo após tantos anos de seu lançamento.
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