5 de set. de 20233 min de leitura

Bebel Gilberto faz uma bonita homenagem ao seu pai, João Gilberto, no elegante João

"João" foi lançado em 25 de agosto de 2023.

Sem dúvida, 2023 está se destacando como um ano especial para a música brasileira. Este ano trouxe uma variedade de lançamentos notáveis em diversos gêneros musicais, apresentando novas músicas e álbuns de tributo que homenageiam artistas icônicos. Dois exemplos notáveis são "Afeto e Luta: Bruna Caram Canta Gonzaguinha", de Bruna Caram, e "Xande Canta Caetano", de Xande de Pilares. Agora, Bebel Gilberto se junta a este time com seu novo álbum de estúdio intitulado "João", uma bela homenagem a seu pai, João Gilberto, um dos gênios da Bossa Nova.

Bebel Gilberto, conhecida por seus trabalhos anteriores, especialmente com o dueto "Preciso Dizer Que Te Amo" que fez com Cazuza e anos depois com o álbum "Tanto Tempo" (2000) que misturou Bossa Nova com música eletrônica e cativou o público mundial, ela retorna às raízes da Bossa Nova em "João". Este álbum é uma sincera demonstração de gratidão à Bossa Nova, um gênero que trouxe reconhecimento internacional ao Brasil, e ao seu pai, João Gilberto, que desempenhou um papel fundamental tanto em sua carreira artística quanto em sua vida pessoal.

Lançado quatro anos após o falecimento do músico baiano, o álbum apresenta 11 faixas que incluem sucessos e músicas menos conhecidas de João Gilberto. Bebel oferece uma interpretação ecleticamente poética, com uma voz marcante e uma sonoridade envolvente que expressam sua profunda conexão pessoal e artística com seu pai. A capa do álbum é especialmente comovente, apresentando uma foto de Bebel na infância ao lado de João Gilberto, em tons azuis que capturam a ternura do relacionamento pai-filha e a memória de um tempo especial para ambos.

A primeira faixa, "Adeus América", é uma reinterpretação de uma canção que originalmente foi lançada em 1948 pelo grupo Os Cariocas e revisitada por João Gilberto em 1985. A letra expressa saudade do Brasil após uma estadia nos Estados Unidos, misturando palavras em inglês e ritmos brasileiros, especialmente o samba. Bebel entrega com doçura essa faixa, acompanhada por um instrumental que destaca a influência do samba na Bossa Nova.

Outra faixa notável é "Eclipse", a única em que Bebel canta em outro idioma, revisitando uma música do álbum "João Gilberto en México" (1970), originalmente composta pelo cubano Ernesto Lecuona. A canção combina elementos de jazz e bolero, com vocais expressivos e um instrumental rico. Do álbum "João Gilberto" (1973), Bebel escolheu três músicas para recriar. "Undiú" e "Valsa" são instrumentais que envolvem o ouvinte em uma viagem musical, com delicadeza e maestria no violão. Já em "É Preciso Perdoar", ela oferece uma interpretação envolvente e sensível, destacando a versatilidade da Bossa Nova.

Vinicius de Moraes e Tom Jobim, que junto a João Gilberto formaram a "Santíssima Trindade" da Bossa Nova, são homenageados com "Você e Eu" e "Desafinado", respectivamente. Bebel apresenta essas músicas com elegância e maestria.

"Eu Vim da Bahia" traz elementos da Bahia, terra natal de João Gilberto, enquanto que "Caminhos Cruzados" traz uma bonita canção que fala sobre o encontro de dois corações após desventuras amorosas em um som avassalador. "O Pato" e "Ela é Carioca" acrescentam um sabor carioca ao álbum, exibindo reverência à diversidade musical do Brasil.

"João" é, sem dúvida, um dos melhores trabalhos de Bebel Gilberto, perpetuando o legado da Bossa Nova e de João Gilberto. Com simplicidade magnífica, este álbum é uma bela homenagem ao gênero e ao artista que o tornaram icônicos, em uma interpretação que emociona e encanta, demonstrando o quão versátil e atemporal é a Bossa Nova. Em um ano repleto de lançamentos incríveis, "João" se destaca como uma joia musical.