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Foto do escritorThaís Sechetin

Após 15 anos sem um álbum de estúdio, o Black Crowes deixa as besteiras pra trás e lança Happiness Bastards


Os encrenqueiros irmãos Robinson estão de volta, mais bastardos e felizes do que nunca

Black Crowes
Foto: Ross Halfin


Há exatamente um ano e um dia, em 14 de março de 2023, um dos poucos dias felizes do ano desta que vos escreve, foi a alegria de assistir ao show que o Black Crowes fez em São Paulo, no Espaço Unimed (antigo Espaço das Américas).


A turnê anunciada ainda em 2022, comemorava os 30 anos do icônico 'Shake Your Money Maker', feito que não aconteceu antes por causa da pandemia. E muitos de nós pensamos que essa reunião entre os irmãos Robinson seria apenas pra levantar uma grana, sabe como é, a gente sempre precisa arrumar algum jeito de deixar as contas em dia.


Mas acho que nos enganamos. Hoje, 15 de março de 2024, temos a resposta nua e crua. Talvez mais crua do que nua, e maravilhosa: Os encrenqueiros irmãos Robinson estão de volta, mais bastardos e felizes do que nunca.


'Happiness Bastards' foi anunciado em janeiro deste ano e deixou os fãs de rock curiosos e ansiosos, a respeito de ser um álbum novo de uma banda de líderes que naturalmente envelheceram. Quem temeu por isso, pode ficar tranquilo: A julgar pelo novo trabalho, pode-se afirmar que o Black Crowes se recusou a afetar-se pelo tempo.



Produzido pelo premiado produtor Jay Joyce, que trabalhou com nomes como Cage The Elephant, Wallflowers e Carrie Underwood, o álbum tem 10 faixas, duração de menos de 40 minutos e muito rock pra mostrar nesse curto espaço de tempo.


Considerado por Chris Robinson como uma carta de amor ao rock, o álbum começa com a anergia setentista de 'Bedside Manners', que logo de cara já mostra que o Black Crowes ainda oferece muito solo de guitarra e coro, com direito a teclados e pausa pro público acompanhar batendo palmas. Depois disso, ouvimos a pesada 'Rats and Clowns' e o country repaginado de 'Cross Your Fingers'. Assim o álbum fecha seu prólogo.


A segunda parte do disco não foge muito do rock puro, direto e sem frescura que sempre foi a marca registrada do Black Crowes. Um exemplo disso é a faixa 'Wanting and Waiting', que resgata toda a sonoridade do BC nos anos 90, sendo bastante parecida com 'Jealous Again' e que mantém a vertente de rock romântico na letra, mostrando a dor de um solitário com saudade da figura que ama.


'Wilted Rose' com certeza é um dos pontos altos de Happiness Bastards (isso se não for o ponto alto absoluto). Trata-se de um country formado por um dos mais belos arranjos que já se ouviu em uma música da banda, e conta com uma presença mais que especial: a vencedora do Grammy 2024 na categoria melhor álbum Country, Lainey Wilson. Faixa simplesmente maravilhosa!



Após todo o lirismo das faixas anteriores, a banda volta com o dinamismo do instrumental e do vocal de Chris com a rápida (em todos os sentidos) 'Dirty Cold Sun'. Já 'Bleed It Dry' é outro ponto alto do álbum, outro blues de aparência dos anos 70, dos quais seus efeitos de percussão fazem com que ela pareça uma faixa ao vivo, digna de fazer inveja até para os Rolling Stones.


As faixas que encerram o disco são a controversa 'Flesh Wound', que apesar de ter um ritmo animado, fala mais uma vez sobre feridas não cicatrizadas, que contém um instrumental riquíssimo de cordas e metais, à moda E Street Band, mais uma vez recordando o rock puríssimo com os quais artistas nos presentearam em décadas passadas.


'Follow the Moon' começa com um riff direto e tem uma letra enigmática, como boas letras de rock devem ser, preparando o belíssimo epílogo 'Kindred Friend', outra balada perfeita, com todos os elementos do rock e do blues presentes: a gaita, a guitarra e a melodia casando com uma letra linda, ao abordar uma amizade já distante, tentando ser refeita. Uma homenagem ao rock, ao blues, ao country e quem sabe, uma homenagem que Chris e Rich prestaram um ao outro.



Se 'Happiness Bastards' será um reinício ou uma despedida, não sabemos. Afinal, por mais que a gente não queira se dar conta o tempo passa e muita coisa acontece nesse espectro temporal, assim como já aconteceu entre Chris, Rich e os Black Crowes. Ainda mais em um momento da música onde o rock deixou de ser o jovem rebelde e virou o tiozão careta e conservador. Mas há algo que não podemos negar: Se há uma banda que defende até hoje o rock que aprendemos a amar, essa banda é o Black Crowes.

 

Happiness Bastards

The Black Crowes


Ano: 2024

Gênero: Southern Rock, Blues

Ouça: 'Bedside Manners', 'Wited Rose', 'Kindred Friend'

Para quem gosta de: Southern Rock, Rolling Stones, Aerosmith, Classic Rock, Blues

 

Nota da crítica: 9,5

 


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