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Foto do escritorTiago Meneses

Amarok – Hope é uma combinação de arranjos ricos, harmonias suaves e melodias cativantes

A atmosfera onipresente que permeia o disco, seja nas variações rítmicas flutuantes ou nos trechos mais enérgicos e explosivos, estabelece um ambiente sonoro profundo e rico.

Banda Amarok
Foto: Eliza Krakówka


Amarok foi inicialmente um projeto polonês de rock progressivo fundado em 1999 por Michał Wojtas, um multi-instrumentista talentoso. Seu som se destaca por sua abordagem interessante à música progressiva, misturando influências de diversos gêneros, como jazz, música eletrônica e world music. Essa fusão de diferentes influências, dá à banda uma identidade musical distintiva, combinando elementos experimentais com texturas e arranjos riquíssimos.


A abordagem criativa da Amarok à música progressiva, rendeu à banda um bom reconhecimento na cena musical polonesa e internacional, conquistando uma boa base de fãs por toda a Europa. Desde 2020, passou de "Michał e convidados" para um quarteto fixo, se transformando de fato em uma banda. A formação atualmente conta com, Michał Wojtas (vocal, guitarra, violão, teclado, percussão e bateria eletrônica), Kornel Popławski (baixo, violino, violoncelo e vocal na faixa 6), Marta Wojtas (vocais de apoio, gongo e percussão), Konrad Zieliński (bateria e vocal na faixa 5).


A combinação de instrumentos tradicionais e não convencionais permite à banda criar arranjos pomposos e camadas sonoras que realçam a profundidade e a atmosfera das músicas. Isso abre espaço para a experimentação, com a banda explorando diferentes tonalidades, texturas e dinâmicas em suas composições. Além disso, a variedade instrumental permite que eles abordem temas e emoções distintas em suas músicas, de passagens introspectivas e etéreas a momentos mais intensos e enérgicos. Isso proporciona uma experiência completa e gratificante para os ouvintes.



Hope, o sétimo álbum da banda, sucede o aclamado Hero de 2021, mantendo o alto padrão de qualidade que a banda estabeleceu ao longo dos anos. Até hoje, Amarok não decepcionou com nenhum de seus lançamentos, e Hope não é exceção, reafirmando o compromisso da banda com a excelência musical. O álbum se destaca por sua capacidade de se conectar de maneira íntima e profunda com o ouvinte, faixa após faixa. Amarok consegue, através de Hope, criar uma experiência envolvente que se torna cada vez mais intensa à medida que o álbum progride. A atmosfera onipresente que permeia o disco, seja nas variações rítmicas flutuantes ou nos trechos mais enérgicos e explosivos, estabelece um ambiente sonoro profundo e rico.


Hope is é a faixa de abertura, uma mensagem poderosa sobre a importância da esperança como uma força que nos impulsiona, nos eleva e nos ajuda a enfrentar os desafios da vida. Musicalmente, surpreende por flertar muito mais com o industrial, porém, ao mesmo tempo que mantém raízes no progressivo, mostrando assim, a habilidade da banda em adaptar-se e explorar novos territórios sem perder a essência de sua identidade artística.


Stay Human é muito mais melancólica que a peça de abertura, além de possuir uma atmosfera onírica, entrega elementos minimalistas que não apenas complementam o tom sombrio da música, mas também intensificam a sensação de isolamento e introspecção. Musicalmente combina muito bem com a narrativa da importância de permanecer autêntico e humano em um mundo cheio de falsidades e pressões.


Insomnia começa com uma guitarra glimouriana sensacional e depois se desenvolve em um tipo de música em que beleza e elegância de abraçam e criam um dos melhores arranjos do disco. O solo de guitarra é arrepiante. Uma exploração da ansiedade, medo entre outras intensidade das emoções durante momentos turbulentos e o desejo de encontrar paz e segurança dentro desse contexto de incerteza.


Trail inicialmente direciona o disco para uma vibe eletrônica e dançante, mas mais ou menos a partir terceiro terço de música, a faixa flerta até mesmo com o metal em uma sequência instrumental de tirar o fôlego, enquanto entrega uma mensagem de otimismo e determinação, incentivando a apreciação da jornada da vida e a perseverança diante dos desafios.



Welcome apresenta uma atmosfera que lembra o Steve Hackett quando ele opta por encapsular sua música dentro de uma aura mais taciturna. As orquestrações eletrônicas trazem tons nefastos que dão à música uma sensação misteriosa e inquietante, enquanto as guitarras chamativas e marcantes adicionam uma energia intensa à faixa. Uma mensagem de esperança que convida ouvintes a abraçar sua individualidade, buscar seus sonhos e seguir em frente com coragem e determinação. Queen uma faixa onde a banda decide explorar novos territórios musicais, resultando em uma experiência sonora densa e, em certa medida, perturbadora.


A faixa se destaca pela atmosfera sombria e introspectiva que a permeia em cada instante, criando uma sensação de inquietação e mistério. Possui um solo de violino que se destaca como um dos momentos mais sombrios e evocativos de todo o álbum. A letra aborda a dominação do mundo pela tecnologia, enquanto também expressa a esperança de redescobrir a conexão com o eu interior e com o mundo ao nosso redor.


Perfect Run é uma peça instrumental que se destaca por sua agressividade e energia intensa. A faixa é marcada por uma seção rítmica pungente, que confere uma sensação de urgência e dinamismo à música. Os teclados potentes contribuem para a atmosfera impactante. Enquanto isso, as linhas de guitarra adicionam intensidade, trazendo uma qualidade crua e visceral à faixa.


Don't Surrender é uma balada deslumbrante que se destaca como uma das faixas mais memoráveis do álbum. De performance vocal emotiva e expressiva, eleva a faixa a um novo patamar e transmite uma profundidade emocional que ressoa com o ouvinte. O arranjo é robusto e luxuoso, com uma riqueza de camadas sonoras que criam uma atmosfera envolvente e acolhedora. Destaque também para o lindo solo de guitarra. Uma música que entrega uma mensagem profunda sobre aceitação, fluidez e resiliência, usando a metáfora da água para ilustrar esses conceitos.



Simple Pleasures traz um respiro descontraído e tranquilo, mantendo-se fiel à sequência fantástica de músicas até o momento. A atmosfera onírica e suave da faixa cria um clima sereno e relaxante, permitindo que o ouvinte se entregue a um estado contemplativo. A peça brilha com sua simplicidade e elegância, apresentando arranjos sutis e harmonias delicadas que proporcionam uma sensação de leveza e calma. Uma mensagem de que apesar das dificuldades externas, podemos encontrar força e liberdade dentro de nós mesmos. Dolina é a faixa que encerra o álbum e é notável por ser a única música cantada em polonês. É composta basicamente por vocais extremamente emocionais, que transmitem uma profunda sensibilidade e ressonância, enquanto são acompanhados por notas solenes de acordeão, que dão à faixa uma atmosfera única e melancólica.



Em um mundo que parece estar cada dia mais tumultuado e incerto, músicas como as encontradas em Hope oferecem um refúgio acolhedor para acalmar a mente e proporcionar uma sensação de conforto e tranquilidade. Essas músicas atuam como um abraço reconfortante, permitindo que os ouvintes encontrem paz em meio ao caos e à confusão. As composições do álbum são capazes de criar ambientes sonoros envolventes que transmitem serenidade e introspecção. A combinação de arranjos ricos, harmonias suaves e melodias cativantes proporciona um espaço para que o ouvinte se desconecte das preocupações externas e se entregue a uma experiência auditiva que acalma e revigora.

 

Hope

Amarok


Ano: 2024

Gênero: Rock Progressivo, Art Rock

Ouça: "Insomnia", "Trail", "Welcome", "Simple Pleasures"

Pra quem curte: No-Man, Black Noodle Project, Lunatic Soul, Riverside





 

NOTA DO CRÍTICO: 9

 

Ouça, "Insomnia"


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