A receita da Live Nation experimentou um acréscimo de 36%, atingindo US$ 22,7 bilhões em 2023.
A Live Nation anunciou um crescimento histórico em 2023 e antecipa uma expansão contínua na indústria de música ao vivo ao longo da próxima década. Contudo, os impressionantes resultados da Live Nation e da Ticketmaster surgem mesmo quando muitos locais de música de pequeno a médio porte estão enfrentando obstáculos.
A receita da Live Nation experimentou um acréscimo de 36%, atingindo US$ 22,7 bilhões em 2023, com o lucro operacional registrando um aumento de 46%, totalizando US$ 1,07 bilhão. Esse crescimento foi principalmente impulsionado pelo aumento na participação em concertos e pelo correspondente aumento nos preços dos ingressos, além da receita proveniente de patrocínios e serviços VIP.
O número de pessoas que participaram de algum algum show da Live Nation em 2023 chega a 145 milhões, um aumento de 20% em relação a 2022, e a Ticketmaster vendeu 620 milhões de ingressos, um aumento de 13%. A maioria desse aumento na participação veio de shows em grandes anfiteatros e arenas, e essa tendência continuará em 2024, segundo o maior promotor de concertos do mundo.
No geral, as vendas de ingressos para concertos apresentaram um aumento de 6% neste ano, sendo que as vendas em arenas e anfiteatros destacam-se com um crescimento de dois dígitos. "Este ano promete ser excelente", declarou Michale Rapino, CEO da Live Nation, durante teleconferência de resultados realizada no dia 22 de fevereiro. "Nosso desempenho nos segmentos de arenas e anfiteatros, que constituem atividades de margens mais elevadas, está sendo bastante positivo". Ao projetar o ano de 2025, a previsão é de que a audiência para megaconcertos alcance proporções ainda maiores. "O ano de 2025 parece que será marcado por shows monumentais", acrescentou Rapino.
Um recente relatório da Music Venue Trust no Reino Unido, indicou que 125 estabelecimentos foram obrigados a encerrar permanentemente suas atividades em 2023. No geral, 16% dos pequenos locais no Reino Unido fecharam suas portas ou interromperam shows no ano passado. Com notícias quase semanais de mais encerramentos de locais e festivais, parece que o problema pode estar ganhando velocidade. Na Austrália, desde o início da pandemia da COVID, 1.300 estabelecimentos de música ao vivo de pequeno e médio porte - equivalente a um terço de todo o setor - encerraram suas atividades.
Mas por que isso está ocorrendo? A inflação e o aumento dos valores de locação, dos custos de insumos e da mão de obra são frequentemente apontados como as principais razões para o encerramento da atividade de vários estabelecimentos, mas o êxito no topo do mercado de espetáculos também é um fator. A capacidade de um fã adquirir ingressos é um recurso limitado, então, quando dezenas de milhares desembolsam valores muitas vezes altíssimos para estar presente em um grande evento, o outro lado da moeda mostra o desaparecimento de um montante de dinheiro que poderia ter sido investido em locais de menor porte. Isso acaba impactando negativamente as vendas de ingressos tanto para os estabelecimentos quanto para os artistas.
O Spotify, Deezer e diferentes plataformas de streaming de música também devem assumir uma parcela de responsabilidade? A resposta é sim, uma vez que as cenas locais, que costumavam sustentar os artistas e preencher esses espaços menores, estão gradativamente desaparecendo à medida que a exploração musical se desloca para uma vasta arena online de artistas globais.
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