A Mulher na Cabine 10: uma jornalista em busca pela verdade num ambiente onde riqueza e cobiça falam alto
- Eduardo Salvalaio

- 2 de nov.
- 3 min de leitura
Atualizado: 3 de nov.
O filme é baseado no livro homônimo da escritora inglesa Ruth Ware

Um filme de Suspense/Mistério precisa ter os ingredientes colocados de forma correta para surpreender o espectador. Quando acontece um assassinato, por exemplo, o diretor deve ter os méritos de segurar a trama até os minutos finais, e de preferência, conseguir nos enganar sobre o possível assassino. Precisa criar no espectador a dúvida entre inúmeros suspeitos que podem mudar conforme nossa percepção ao longo do filme.
Presente no catálogo da Netflix, A Mulher na Cabine 10 (The Woman in Cabin 10, 2025) do diretor Simon Stone (A Escavação, 2021) traz uma atmosfera propícia para essa trama: uma embarcação luxuosa onde a soberba e a ganância pelo dinheiro não medem esforços para que algo de ruim aconteça. O filme é baseado no livro homônimo da escritora inglesa Ruth Ware.
Laura Blacklock (Keira Knightley) é uma renomada jornalista de uma revista de turismo que é convidada a ficar três dias num iate de luxo, o Aurora Boreal. Seu trabalho é escrever sobre Anne Bullmer (Lisa Loven Kongsli), uma mulher bilionária que está com câncer terminal e que fará uma importante declaração sobre o destino de sua fortuna a bordo da embarcação.
Problema que a jornalista logo na primeira noite presencia um assassinato ao lado de sua cabine. Um corpo é jogado ao mar. Mesmo tentando avisar a tripulação e os convidados sobre o crime, ela não consegue convencê-los por falta de provas.
Laura, determinada a encontrar o assassino, enfrentará vários desafios como a própria arrogância da tripulação e dos convidados, como também começa a ser taxada de louca e que não deve mais estar a bordo. Além disso, a mulher passa a ser observada e sofre até tentativas de morte.
Ela precisa sobreviver e encontrar logo o responsável pelo crime. Mesmo com a presença de Ben Morgan (David Ajala), um fotógrafo que manteve um relacionamento amoroso com Laura no passado, mas que ainda guarda certo apreço por ela, a jornalista está praticamente sozinha.

Aliás, a única mudança que Stone fez no filme foi retirar o personagem Judah Lewis. No livro, ele é o namorado de Laura e assume um papel muito importante e fundamental para o desenvolvimento da história.
O filme segue bem até o mistério ser desvendado. O autor e os motivos aparecem, embora ainda seja cedo demais, com mais de 30 minutos para o final. Claro que é o momento de Laura expor aos convidados que não estava errada e de levar a público o assassino.
É quando a película recorre a Ação até porque a jornalista será ainda mais perseguida. As cenas não empolgam tanto, o fechamento é morno, poderia enfatizar mais a tensão da narrativa do começo, embora ainda faça jus a luta de uma mulher obstinada em encontrar a verdade. O filme também conta com um elenco bem conhecido que inclui Art Malik, Guy Pearce e Kaya Scodelario.
Um filme que traz as lições deixadas por Hitchcock e Agatha Christie, mesmo que não de forma perfeita e que acaba intercalado entre pontos altos (concentrados sobretudo na interessante primeira metade) e baixos.
Laura acaba se saindo como a personagem em destaque. Uma mulher determinada e corajosa num ambiente onde machismo, ostentação, deboche, mentiras e pessoas sendo compradas pelo dinheiro falam mais alto. Um ambiente onde uma das únicas pessoas sensatas e humanas diz: 'é difícil ter ego quando se vira adubo'.
















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