Eduardo Salvalaio
mar 82 min
Um álbum que traz o Epic45 em um momento maduro e inventivo
Impressionante como o Epic45 continua num estranho e injusto anonimato. O grupo tem mais de 20 anos, apresenta ampla discografia interessante e foi abraçando uma sonoridade distinta ao longo de sua trajetória, passando por gêneros como Ambient, Experimental, Post-Rock e Dream-Pop. Isso sem contar os diversos projetos paralelos que os integrantes tiveram, a exemplo de Ben Holton com seu My Autumn Empire.
Além disso, a experiência desses ingleses de Staffordshire também vai muito além dos inúmeros discos lançados. Fizeram turnês pelo Reino Unido, Europa e Japão. Também ganharam a confiança de renomados artistas/grupos como Babybird, Bibio e Slowdive em colaborações importantes.
Mas, calma, nunca é tarde então para descobrir artistas/bandas como o Epic45. Sobretudo porque o último trabalho está bem acessível, refinado, elevando a criatividade, o talento e a musicalidade do grupo. Um álbum que traz o Epic45 em um momento maduro e inventivo
Também não se assuste com o título do álbum de belíssima capa. Palavras que podem, talvez, indicar uma teoria desse ser o último disco de Ben Holton e Robert Glover como Epic45? Correto ouvir a música da dupla não pensando em hipóteses. Ou melhor dizendo, esse possível temor será superado pelo belo repertório do álbum de 7 faixas com menos de 32 minutos.
‘New Town Faded’ é uma abertura cativante e até busca por certo apelo Pop-Rock, com guitarras etéreas e vocais serenos. A forma que o Epic45 tem de condensar texturas vocais e instrumentais, tudo num equilíbrio melódico, harmônico e hipnotizante, se concretiza bem na faixa ‘Be Nowhere’.
‘Floodplains’ resume bem a maestria do grupo em reunir o orgânico com o eletrônico. Bem próxima de um Ambient encorpado, a sonoridade ganha efeitos e um clima etéreo convidativo. ‘The Crush’ é um Dream-Pop incisivo, apoiado por um refrão enérgico, isso depois que a canção indicava transitar pela calmaria.
‘Underneath The Houses’ inicia com um belo dedilhado de guitarra (lembrar de The Durutti Column não é exagero, pode confiar). Em seguida, a faixa deixa a bateria marcante se aproximar para, no final, se afundar num instrumental mais denso, caótico e opressor (no melhor dos sentidos). ‘Finally’, guiada por uma influência do Shoegaze, traz simetria entre camadas de vocais sussurrados e nervosos, conferindo um final de disco apoteótico e dramático.
Depois de todos esses avais, tire o Epic45 da obscuridade e escute agora "You’ll Only See Us When The Light Has Gone". Você pode até aproveitar para atualizar ou começar sua lista de melhores de 2024. Que tal?
Epic45
Ano: 2024
Gênero: Dream-pop, Post-Rock
Ouça: ‘Be Nowhere’, ‘Finally’ ‘Underneath The Houses’
Para quem gosta de: Shoegaze, Indie , Dream-pop