Eduardo Salvalaio

7 de jun de 20222 min

Em “Big Time”, Angel Olsen retorna a seu passado musical sem perder a experiência que conquistou.

Foto: Press

Em pouco mais de 10 anos, a cantora americana Angel Olsen construiu uma sólida discografia. Desde a estreia com “Half Way Home” (2012) até grandes álbuns preferidos de público e crítica como “All Mirrors” (2019), Olsen foi adquirindo maturidade em várias formas: letras na mais pura poesia, arranjos que completam perfeitamente sua voz segura, uma origem centrada no Folk/Country mas sem perder a aproximação com o Pop-Rock ou de flertar com outros gêneros.

Também sempre experimentando novas ideias, realizou uma cover para a famosa canção de Billy Idol, ‘Eyes Without A Face’, se saindo bem. E frequentemente faz colaborações com outras cantoras, como foi com Sharon Van Etten rendendo a bonita canção ‘Like I Used To’. Além disso, as duas cantoras prometem sair em turnê ainda neste ano, contando também com a presença do cantor Julien Baker.

Recentemente numa entrevista, Olsen assumiu sua homossexualidade. Isso acabou interferindo nas letras de seu novo álbum, muito mais confessionais e ligadas ao seu sentimento de fugir da repressão, de expor seus pensamentos e vontades. Entretanto, não influenciou em nada na sua forma de compor, na segurança de sua voz e nos arranjos que continuam bem estruturados.

A característica mais marcante de "Big Time" é fazer uma volta gloriosa ao passado musical de Angel Olsen. Um retorno ao Folk e Alt-Country de qualidade que estavam lá no disco de 2012. Uma homenagem segura, convincente e detalhista a muitos artistas/grupos que foram essenciais em sua construção musical (de Hank Williams a Marissa Nadler).

Os dois gêneros citados anteriormente chegam destacados em faixas como ‘Big Time’ onde os elementos acústicos ganham destaque abrindo espaço para a poesia de Olsen e ‘All The Good Times’ com mellotron e sopros construindo um cenário bucólico e introspectivo. É um trabalho que realmente não poupa a quantidade de arranjos e instrumentos variados, exemplo de ‘All The Flowers’ com uma estrutura mais orquestrada se abrigando em violinos que flutuam pela música.

A cantora pode até querer se esquivar para um Pop-Rock. É o que acontece em ‘Right Now’ com ênfase em guitarras mais presentes, disposta num arranjo mais denso e cru, contudo a faixa continua inserida dentro de um formato Folk. ‘Go Home’ deixa Olsen trabalhar com seus próprios vocais em vários tons, da fragilidade a energia, isso dentro de uma faixa que pretende explodir em meio a uma orquestra que chega num ímpeto descontrolado e ensurdecedor.

Se for preciso voltar ao passado e reconstituir um tempo de sua vida, que seja assim para o artista. “Big Time” é um disco com forte influência nas origens da cantora, embora com um pé totalmente fincado na modernidade, inclusive com uma produção impecável abusando dos recursos tecnológicos. Toda a maturidade de Angel Olsen, sua forma de assumir o que pensa e sente, sua lealdade com os gêneros Folk e Alt-Country não ficam destoados. Pelo contrário.


'Big Time'

Angel Olsen

Lançamento: 3 de junho de 2022

Gênero: Pop-Rock, Folk/Country

Ouça: "All The Good Times", "Big Time" e "All The Flowers"

Humor: íntimo, reflexivo e melódico


NOTA DO CRÍTICO: 7,5


Veja o vídeo oficial de ‘Big Time’:


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